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Caracas, noviembre de 1971.
"Tu país está feliz" (versão 1984) por Antonio Miranda
Carlos Gimenez fez muitas e sucessivas montagens de Tu País está Feliz, desde a primeira de 1971. Muitas vezes para acomodar novos atores, para atender a convites de viagens ao interior do país e a paises vizinhos.
A última foi, em verdade, uma nova montagem, comemorativa dos 13 anos de Rajatabla, no ano de 1984. Bem diferente das anteriores, uma espécie de “releitura”, atualizando textos, figurinos, linguagens. Uma versão mais “pop”, mais espetacular, com mais artistas, com versões musicais mais sofisticadas. Os atores vestidos com jeans e bonés, como os da rua, de toda parte, como para encaixá-los em cena.
Esteve em cartaz no Teatro Ateneo, depois no Teatro Las Palmas, não sei mais onde... Para os padrões de Rajatabla, acostumados que estavam a temporadas infinitas com o espetáculo, não foi considerada “exitosa”...
Dizem por aí que eu participei da montagem, discutindo, mudando textos. Não é verdade. Nem fui avisado, fazia anos que eu perdera contato com Carlos e com o grupo teatral. Por coincidência, fui a Caracas a convite da Oficina de la Unesco e me hospedei no Hilton Flat, de frente para o Ateneo, e descobri que a peça estava em cartaz...
Confesso que gostei muito da versão, mesmo sem a autenticidade e a espontaneidade da primeira. Sinceramente, estou seguro de que jamais conseguiremos repetir o êxito da primeira versão, em tempo algum, a menos que aconteça um fato auspicioso, um milagre... O fenômeno de Tu País está Feliz em 1971/1973 extrapolou qualquer lógica, saiu das dimensões teatrais para converter-se em um acontecimento sociológico, cultural, movido por forças que não residiam mais na qualidade do texto, das músicas ou da encenação.
Eu escrevi, na ocasião, sobre a versão 1984:
“La pieza ya no es la misma: es otra cosa. Antes era un pretexto para gritar consignas existencialistas. Hoy es la constatación de que los problemas continúan siendo los mismos, que no fuimos capaces de superarlos… Solamente de denunciarlos…
Nuevos personajes pueblan las tablas. Voces más refinadas. Arreglos musicales más elaborados. Interpretaciones más apuradas. Iluminación esmerada. Más espectacular, más teatral. Y el público con mejor comportamiento…
Los nombres ya son otros: Benigno Acuña, Fanny Arjona, Cecilia Bellorín, Maria Brito, Mildred Chirinos, Luis Garbán, Gonzalo Vellutini, Amado Zambrano, Eduardo Bolivar, Sonia López, Vilma Otazo, Costa Palmides, Mira Parra, Juan Rodríguez e Daniel Uribe.
En el Ateneo encuentro a Rafael Daboin, que me informa que hizo otra versión de Tu País está Feliz, con otra música, en la Universidad del Táchira…
Termino la noche en un bar del Boulevard de Sabana Grande, con amigos. Oscar Alfonso Marquez recita unos versos míos que yo había olvidado. ¡Mi ego está para explotar!”
E arrisquei um último testemunho:
“Carlos Giménez continúa con su talentosa arte de osquestar piezas teatrales con una concepción plástica que lo lleva a mezclar la grandiosidad y elocuencia operística de un Wagner con la visión orgiástica y onírica de un Fellini. Él moldea aquellas figuras humanas que pueblan su escenario en acciones que superan la realidad y la fantasía y las coloca entre lo profano y lo divino para los sentidos estupefactos de su público cautivo.”
Já não temos mais Carlos Gimenez conosco, “se fue de gira” como eufemisticamente preferimos dizer... Mas seu estilo de trabalho continua de pé, com seguidores e admiradores.